sábado, 26 de novembro de 2011

Meu coração ganhou uma leve rachadura. E agora se tornou aquela espécie de artigo para decoração que não conseguimos nos desfazer, mas não temos dinheiro para restaurar. Ele faz parte da composição da casa, e mesmo rachado não ousamos retirá-lo do lugar. Sempre esteve lá, e precisa estar sempre lá, mesmo que sua fragilidade venha à tona, mesmo que sejamos acusados de descuidados, cafonas, simplórios. É como olhar para uma porcelana branca amarelada em algumas partes. Rachada. Ranhura do tempo, do uso. Coração que ama, e apesar do gasto ainda guarda flores singelas que presenteiam a paisagem, a atmosfera da casa, os olhos de quem chega.
Coração-vaso-porcelana que ama e amará; profecia que ecoa na boca dos amantes, pois vaso ruim não quebra, não pode quebrar...