terça-feira, 31 de dezembro de 2013

sábado, 9 de novembro de 2013

What time is it?



My clock just went back five years
I keep asking people trying to find the right time
But how are they going to know
I am living in a different time zone
The very moment I open the door
 Your eyes tell me it is home
Don’t let the rain wash me out
Maybe the clock is crazy
And I am still full of doubt
But there is one thing I need no clue
I know it is time to be with you.

domingo, 6 de outubro de 2013

Outono

Devoro-te não por fome ou desejo
apenas necessidade

Preenche os espaços tão cheios de mim
invade-me com voracidade

Arranca meu vestido de vocabulário
decifra minha vontade

Lê em voz alta meus versos silenciosos
Compartilha da minha insanidade

Envolve tuas mãos nas minhas
observa comigo as folhas caindo pela cidade.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Caindo em si

 Preencho o meu redor com ruídos de diversos gêneros: um diálogo de um filme qualquer, o miado de um gato jovem, o estalar de uma cerveja bem gelada, e Nina Simone cantando seu orgulho em ser negra. Ouço todos os sons ao mesmo tempo, mas não me importa refletir sobre eles; meu intuito é unicamente não me deparar com o silêncio, aquele revelador de carências, vazios existenciais e, principalmente, aquele que permite o desenvolvimento de monólogos superficiais consigo mesmo. Às vezes é tão difícil se olhar no espelho todas as manhãs, e, todavia, apesar da contundência existente no reflexo, repito-me que ver-se não significa enxergar-se. Lá estão meus olhos castanhos como sementes apodrecidas, meus cachos repletos de indefinições extremadas pelo sono anterior, e minha pele marcada pelo cansaço dos dias: mas quem sou só me traz perguntas mal elaboradas. Alguns filósofos dizem que a problemática do conhecer-se não existe nas respostas que se encontram, mas sim nas perguntas bem ou mal construídas; afinal como uma pergunta ruim teria uma boa resposta? Então, o que o silêncio me oferece não são conclusões elaboradas sobre o mundo ou sobre a minha própria pessoa, e sim uma enxurrada de pensamentos inconclusos, interrogativos e instáveis.

Por que te confesso tudo isso? Simplesmente, porque você teve uma visão equivocada da minha ausência de palavras. Olhou-me ao longe, e achou interessante a garota que pouco conversava. Viu-me como um mistério a ser revelado, a destituir-se de uma timidez sensual, e não desconfiou da confusão que morava atrás dos meus lábios cerrados, que se disfarçava nos testemunhos alheios. Queria tuas palavras também, no entanto, sua avidez pelos meus pensamentos empacou nossa relação e tive que aprender um novo modo de lidar com o meu silêncio e com tuas dúvidas, que por vezes eram minhas, passaram a ser minhas. Por tua culpa agora bebo e me cerco de ruídos para não te lembrar, para não ter que ensaiar conversas comigo mesma, acreditando falar contigo. Estou tentando resetar meu sistema operacional, retornando nas minhas pegadas, mas a droga é que você é um vírus sem solução no meu sistema, e eu vou buscando paliativos até aprender a me decodificar, preparando-me para o nosso próximo encontro e algum novo questionamento que não esperava.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Do not disturb

Parafraseando-me, Fernando Pessoa escreveu: “o que há em mim é sobretudo cansaço”. Apesar de ter vivido antes de mim, ele antecipou essa sensação que me toma como abismo, e me preenche de um terrível nada. Um nada que não se sente, ou machuca, mas que só cansa, e desmotiva minhas reações. É como se o mundo acontecesse em uma velocidade diferente ao meu espírito, e de tão rápido eu não conseguisse acompanhar. A Rainha Vermelha diria que é necessário correr, porém correr duas vezes mais rápido: mas que espécie de conselho cansativo é esse? Por que empreender um desgaste físico eterno somente para acompanhar o tempo do outro? Não, acho melhor deitar, dormir e sonhar que continuo a dormir; hibernar da vida e se saber distante. Depois se a solidão for demais, se o silêncio incomodar, e os pesadelos começarem a parecer reais, talvez eu abra os olhos bem devagar para reconhecer a luz aos poucos, e, consequentemente, experimentar o mundo como um recém-nascido cheio de vitalidade. Então tudo poderá ser diferente, ou exatamente igual; afinal como saber se há cura para fadiga espiritual?


domingo, 28 de julho de 2013

Por um abrir de asas


Nessa madrugada não ouvi os passarinhos cantarem como de costume. Acredito que como bons ouvintes, resolveram reverenciar a chuva que caía desde o início da noite, que agora já se extinguia. Resolvi então dar-lhes crédito por sua decisão instintiva, e contemplei a chuva que se debruçava sobre a minha casa e minhas mãos. Acompanhei o som de cada gota como instrumentos que compunham uma orquestra, e deixei-me apreciar pelo conjunto de melodias: senti vontade de chorar. Não sabia o motivo pelo qual meu peito palpitava e me fazia engasgar, não era tristeza, nem frustração; talvez fosse só constatação.
Dei um passo além do portão, e a chuva acarinhou meus cabelos. A rua estava vazia, os cães não choravam, e os gatos trocaram a boêmia por um canto quente em alguma casa qualquer. Naquele cenário só existia a mim e aquela música, além de uma grande avalanche de consciência que dizia calmamente sobre a minha ignorância. Sentia-me tão velha, mas tão criança. Mesmo após tantos anos soube o quão pouco aprendi sobre a vida, e me perguntei se ainda haveria tempo para recompensar pelo tempo ido.
Caminhei esperando pelo momento em que nenhum pedaço de mim estivesse seco. Queria ser enchente, fazer parte intimamente do quadro ao qual pertencia minha rua, e quem sabe então me sentir menos só. Na música pluvial buscava encontrar exemplos iguais aos meus: caminhantes da madrugada que lidavam com os problemas da vida sempre como se fosse a primeira vez, que hesitavam pela imaturidade, mas se entregavam plenamente, nunca vivendo os dias como cotidianos em doses homeopáticas.
Era bom ser assim? Era angustiante às vezes, mas não necessariamente ruim, pois era, principalmente, a forma como eu conseguia viver, como podia. Talvez soasse acomodado, deprimente, no entanto, havia uma prova favorável ao meu estilo de vida. Na praça ao lado de minha casa, percebi o quanto havia caminhando, não fisicamente, mas temporalmente: apesar de todos os percalços, falta de tato, e a inexistência de uma fórmula do “viver bem”, eu tinha chegado até aqui. Cheguei a um conjunto de possibilidades existenciais tão frutíferas quanto a um arquivo de ideias de um bom escritor. Banhada pela madrugada, mesmo me sentindo só, eu sabia que era minha própria obra, talvez não digna de um Nobel, mas ainda sim meu livro favorito. Não precisava que outras pessoas concordassem com isso, e expressassem falas de congratulações por aquilo que elas imaginavam ser sucesso.

Sentei no banco, satisfeita por ser quem sou, mas paradoxalmente ansiando ser bem mais, ser além. A chuva diminuiu, dando lugar aos primeiros espasmos de sol, e erguendo meus braços para os céus desejei ardentemente asas maiores, largas e brilhantes, alcançar a estrela solar sem me queimar, ser pioneira para aqueles que as cinco de manhã começavam ocupar as ruas, e lá no alto, na beira-fim do firmamento encontrar uma humanidade repleta e numerosa para me integrar.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Let's see!!



I'd like to see you in colors

I'd like you could see me

I'd like to hold your hand

As we slightly fall asleep



I'd like to be your song

I'd like you could play me

I'd like to be your lullaby

Your punk rock, your chanson, your R&B



I'd like you could listen to Pink Floyd singing...

How I wish

How I wish you were here...


domingo, 30 de junho de 2013

...

Busco meus olhos defronte ao espelho, na esperança te enxergar em minhas retinas. No meu íntimo jaz tua imagem por mim criada e acarinhada, antagonista de tua própria realidade. Rendi-me a Plath, e de seus poemas fiz minhas confissões – todas entregues a ti em forma de delírios febris. Seu rosto tonto, sua testa enrugada só me diziam confusão e eu te desconheci daquela que morava dentro de minha mente. Diante de tuas discrepâncias, ponderei te abandonar ainda segurando tuas mãos, e em respeito fúnebre a tua partida cobri todos os espelhos da casa...

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Carrasco



Amor! Hoje vejo com mais clareza como essa palavra tem sido vendida nas feiras de domingo.  As pessoas querem expandir seus negócios sem pensar no cenário econômico mundial.  Olham tão profundamente para a cisterna e esquecem que existe um rio, um mar, um oceano da qual a sua pequena cisterna depende.  Não se pode amar a uma pessoa só! Amor é imenso demais. Acho engraçado como as pessoas dizem “Eu amo fulano (a)” e saem por ai ferindo e magoando pessoas que passam pelas suas vidas porque o tal “amor” não te permite ter tempo para VER o outro.  É como os amantes da natureza que jogam o lixo na praia do vizinho, reservando suas boas maneiras para a sua praia, amada e única.  A vida não é um ponto no mundo, nossas ações encadeiam uma corrente de sentimentos e emoções entrelaçadas e unidas de maneiras surpreendentes. Nada é único. Não acredito em fronteiras, acredito em pontes. Acreditei quando tu me disseste que a ama. Hoje vejo que tu nem sabes o que é amor... 
Apenas observo a maestria com a qual separas cabeça e corpo.



segunda-feira, 22 de abril de 2013

Despedida



Sinto você sumindo de dentro dos meus sonhos...

Tento segurar-te pelos pés ou te acompanhar no teu vôo

Mas não tenho mãos para te segurar e não tenho asas para te acompanhar

E de repente tudo vai ficando menos sonho e mais realidade

Sinto teu abraço carinhoso, tuas mãos a me afagar

Ouço tua voz me dizendo coisas brutalmente belas

Como uma Fada Verde que nos leva de súbito para o vale da calmaria

Sinto a paz do nosso encontro me vendo nos teus olhos sofridos

Vejo você e te sinto mais perto do que dentro

Pra você me desnudo sem medo e sem pudor

E toco você com a segurança de um carinho de amor

E então nos despedimos mais uma vez

E sofro um tantinho hoje pra ser feliz amanhã