Dá-me, ó Deus, um coração anarquista. Um que se consome em
fogo pelas lutas do povo, e arde em ternura e solidariedade por aqueles que
sofrem com a exploração dos poderosos. A Ti clamo por um peito arrebatado pela
utopia libertária, combustível que impulsiona os trabalhadores aos front’s
diários, e ensina a suas mãos calosas e gastas pela labuta a segurar com
firmeza seu primeiro fuzil, e às suas vozes, as primeiras palavras de autonomia.
Sigo pela estrada de tijolos amarelos ansiando que o oco das
minhas coronárias seja invadido por uma enxurrada de coragem e destemor próprios
de todos os antigos que se foram em batalhas e dos novos que se entregam ao sonho
coletivo de uma sociedade melhor. Pai, caminho e acredito que no trabalho e
vitórias cotidianas, conjuntamente com meus companheiros criaremos em breve a
força e a inteligência necessárias para construir um novo mundo a partir das
ruínas do capitalismo.
Senhor, ao te confundir com o grande mago, espero assim Te desmitificar
para descobrir-Te como complexa construção e simples humanidade, tudo pela
esperança de que no fim de minha trajetória você ou qualquer outro possa dizer:
foi-se crendo e lutando, pois já se havia feito uma anarquista.
Amém.