terça-feira, 13 de agosto de 2013
Do not disturb
Parafraseando-me,
Fernando Pessoa escreveu: “o que há em mim é sobretudo cansaço”. Apesar de ter
vivido antes de mim, ele antecipou essa sensação que me toma como abismo, e me
preenche de um terrível nada. Um nada que não se sente, ou machuca, mas que só
cansa, e desmotiva minhas reações. É como se o mundo acontecesse em uma
velocidade diferente ao meu espírito, e de tão rápido eu não conseguisse
acompanhar. A Rainha Vermelha diria que é necessário correr, porém correr duas
vezes mais rápido: mas que espécie de conselho cansativo é esse? Por que
empreender um desgaste físico eterno somente para acompanhar o tempo do outro?
Não, acho melhor deitar, dormir e sonhar que continuo a dormir; hibernar da
vida e se saber distante. Depois se a solidão for demais, se o silêncio
incomodar, e os pesadelos começarem a parecer reais, talvez eu abra os olhos
bem devagar para reconhecer a luz aos poucos, e, consequentemente, experimentar
o mundo como um recém-nascido cheio de vitalidade. Então tudo poderá ser
diferente, ou exatamente igual; afinal como saber se há cura para fadiga
espiritual?
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