segunda-feira, 29 de abril de 2013

Carrasco



Amor! Hoje vejo com mais clareza como essa palavra tem sido vendida nas feiras de domingo.  As pessoas querem expandir seus negócios sem pensar no cenário econômico mundial.  Olham tão profundamente para a cisterna e esquecem que existe um rio, um mar, um oceano da qual a sua pequena cisterna depende.  Não se pode amar a uma pessoa só! Amor é imenso demais. Acho engraçado como as pessoas dizem “Eu amo fulano (a)” e saem por ai ferindo e magoando pessoas que passam pelas suas vidas porque o tal “amor” não te permite ter tempo para VER o outro.  É como os amantes da natureza que jogam o lixo na praia do vizinho, reservando suas boas maneiras para a sua praia, amada e única.  A vida não é um ponto no mundo, nossas ações encadeiam uma corrente de sentimentos e emoções entrelaçadas e unidas de maneiras surpreendentes. Nada é único. Não acredito em fronteiras, acredito em pontes. Acreditei quando tu me disseste que a ama. Hoje vejo que tu nem sabes o que é amor... 
Apenas observo a maestria com a qual separas cabeça e corpo.



segunda-feira, 22 de abril de 2013

Despedida



Sinto você sumindo de dentro dos meus sonhos...

Tento segurar-te pelos pés ou te acompanhar no teu vôo

Mas não tenho mãos para te segurar e não tenho asas para te acompanhar

E de repente tudo vai ficando menos sonho e mais realidade

Sinto teu abraço carinhoso, tuas mãos a me afagar

Ouço tua voz me dizendo coisas brutalmente belas

Como uma Fada Verde que nos leva de súbito para o vale da calmaria

Sinto a paz do nosso encontro me vendo nos teus olhos sofridos

Vejo você e te sinto mais perto do que dentro

Pra você me desnudo sem medo e sem pudor

E toco você com a segurança de um carinho de amor

E então nos despedimos mais uma vez

E sofro um tantinho hoje pra ser feliz amanhã


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Por favor, um cafuné...



 
Quando tudo nos falta
Quando os hormônios enlouquecem
Quando a noite fica mais escura e silenciosa...
Escrever é o nosso encontro marcado
Um diálogo entorpecente de cores e emoções.
Quando as minhas palavras se cansam
Tuas mãos descrevem meu paraíso de abstrações.
Não gosto de café, sabes.
Mas aceito um cafuné e uma xícara de chá.
Sendo assim, na verdade nada nos falta.
Eu te sou e tu me és.
É assim que é, é assim que será.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Por favor, um café...


Sim, um café, preto e forte com pouco açúcar. Nada de expresso, já me basta o avanço capitalista das máquinas em outros momentos do meu dia, e o ecoar dos tic’s ‘ tac’s do meu relógio me lembrando que não posso perder o ponto, não outra vez. Então, faça-o coado, cuidadoso, como aqueles que nossas mães faziam, compreende-me? Sabe, cara, a minha matava vários dragões por dia (muitos filhos, trabalho pesado, um marido fodido), e quando se debruçava sobre o pó e a água quente, eu queria poder ouvir seus xingamentos ditos entre dentes,mas  ao invés disso, ela temperava a bebida com lágrimas de melancolia sem se vangloriar de suas vitórias ou seus feitos extraordinários, sem aceitar a incrível pessoa que era. Por que pessoas boas sempre se desacreditam? Ou se deixam desacreditar pelos outros? É como se autoconfiança virasse sinônimo de sintomas egocêntricos intoleráveis, e, no caso dela, seria um fôlego ao qual não se permitiria. Apesar de levemente salgado, eu bebia seu café sem acrescentar as amenidades dos açucares e leite, o saboreava devagar e quase quente, sem deixar uma única gota. Esperava que meu gesto lhe dissesse que a aceitava com todas as suas dores e o quanto estava disposta a afagar as suas feridas e cicatrizes. Nunca tive coragem para perguntar se ela me entendia...
Por isso, moço, guarde esse seu cardápio cheio de frescuras, leve embora suas nutellas e chantilly’s. Deixe isso para os afrancesados, que desenham rabiscos de Paris na minha Feira de Santana. E para não dizerem que fui hipócrita, admito que até aceitaria um desses se com ele viesse junto dois dedos de prosa com Camus; assim, contaria a ele meus dilemas de Sísifo e meus pesadelos com a Peste e, tranquilamente, toleraria seu sotaque arranhando meus ouvidos. Tudo por um momento confessional. No entanto, devo dizer me contradizendo que se devo experienciar algum sabor idiomático, ora que seja logo o de Césarie e Fanon, pois, a cada gole dado, estarei problematizando uma parte minha, alguma convicção, algum sentido de descendência e origem e me entrelançando em redes de solidariedade identitárias, com certeza mais profícuo.
Quer um conselho? Deixe de me ouvir, e diga ao seu chefe que ele deveria usar o café brasileiro, este amargado não pela terra, mas pelo suor e sangue de escravos, libertos e imigrantes que se perderam nos cafezais; uma hora, amigo, é preciso encarar nossos fantasmas e prestar as devidas honras. Então me traga a xícara, e me permita continuar bebendo as lágrimas de minha mãe e o sangue e suor do meu povo, porque meu dia foi longo e eu preciso permanecer em comunhão com os meus.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Don't bake cakes!




How does it feel?

I wish I didn’t know the answer
But here I am
With this coldness in my lips
With these marble arms freezing my hips
And this icy silence driving me home
It is not the cab I was waiting for
It is not the cake that I ordered
But as people say
Hunger has an ugly face
I got a bite to eat for today.