O amor muda tudo em nós
Pele
Rosto
Sorriso
Tudo é mais belo quando estais comigo
Longe de ti
Só me resta esperar
Uma tarde tranquila na praia
E um mergulho no azul mais lindo
O teu olhar.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Cartão Postal
Há muito
tempo que penso em te escrever para falar de amor
Hoje o dia
acordou mais devagar, amanheceu com a timidez de um recém chegado na escola da
cidade
E assim o
peso da caneta deu lugar a leveza de sonhar
Quero te
falar de amor
Mas os
poetas me roubaram as palavras mais uma vez
Poetas egoístas
que sentem apressadamente
Eles sentiram
tudo antes de mim
Quero te
falar da minha felicidade em comunhão com a tua
Da saudade
que senti do nosso cantinho
Do carinho
do teu abraço
Quero falar sobre a vista da
tua janela
Sobre sonhar
e realizar
Só queria
dizer que Te amo
E é saudade
que senti ao acordar.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Tentativas Poéticas V
Jantei com Billie Holiday.
Meus sentidos ignoraram a música
e o sabor da comida.
Respirei. Ofereci minha mente às divagações, e te busquei
pela neblina
de um blues.
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Barry Black
He has a daily fight against routine
Maybe he will never know me
The important thing is that I know him well
He is a man of word
Although the words are frequently running away from him
He wanted to be a sailor
But he is afraid of the sea
He doesn’t even know how to swim
Life invited him to a ball of tears
He loves dancing but he said “no” to the RSVP
Stubborn, he learned how to smile.
Barry Black
Sua luta é
diária contra o cotidiano
Talvez ele
nunca me conheça
O
importante é que eu o conheço bem
Ele é um
homem de palavra
Embora as
palavras lhe fujam com frequência
Queria ser
um marinheiro
Mas ele tem
medo do mar
Nem sequer
sabe nadar
A vida o
convidou para um baile de lágrimas
Gosta de
dançar, mas disse “não” ao RSVP
Teimoso,
aprendeu a sorrir.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Tentativas poéticas IV
Estendi meus dedos
e solicitei carona.
Só não sabia que comigo,
no banco do carro,
meus medos também iam.
Tentativas poéticas III
Julieta,
Como és boba!
Por que fingistes a morte?
Não te passou pela cabeça
que mesmo a farsa
me seria insuportável?
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Por um mundo com mais amanhãs
Amanhã...
Amanhã farei o
meu dever de casa
Me levantarei
cedo e direi "bom dia" ao amanhecer
Sinto hoje a
felicidade do dever cumprido amanhã
Amanhã
realizarei meus sonhos
Amanhã serei
feliz
Amanhã acordarei
e poderei ser tudo que quis
Alguns chamam de
procrastinação
Outros chamam de
entardecer
Para mim o
amanhã é sempre brilho de esperança
Amanhã é alegria
que me faz viver
Enquanto houver
amanhã
Não terei medo
do anoitecer
quinta-feira, 27 de março de 2014
47
Chegava cansado do
trabalho, mais um dia de rotinas absurdas e consumação de vidas. Oito horas
diárias de uma atividade que, depois de 15 anos, ainda não conseguia se
justificar para si. Dizia que era pelo dinheiro, em outros momentos, que era um
trabalho tranquilo; sem se resolver vivenciava sua jornada de trabalho como um
autômato, deixando qualquer sombra de crise existencial sempre para depois.
Colocou a chave no
segredo, queria somente um banho e um minuto para si, transformar-se no centro
do universo em expansão por um momento. Refletiria sobre sua densidade, brilho
próprio, sua atmosfera que não gerava vida há milênios; depois se voltaria para
os fenômenos da gravidade, e desvendaria o segredo das órbitas e o equilíbrio que
deveria haver entre ele e os demais corpos celestes com quem compartilhava sua
existência.
Girou a chave, ouviu em
êxtase o click que antecedia seu minuto de paz. “Surpresa”. Apitos, gritos e
gargalhadas. “Parabéns”. Mãos que o tocavam sem permissão, abraços que nada
diziam e sorrisos de enfeite. Cinco minutos depois estava sentado alheio no
sofá, enquanto todos desfilavam pela sala e se serviam dos aperitivos. Era
mesmo seu aniversário? Ao ouvir os parabéns daquelas pessoas, ele não foi
invadido pela sensação da lembrança, não se surpreendeu com a recordação e
vivenciou a experiência do esquecimento. Por mais absurdo que parecesse se
perguntou sobre as probabilidades de farsa e engodo, e tirou a carteira do
bolso do paletó. Seu documento não mentia, era de fato seu aniversário, fazia
47 anos. Porém, ao contrariar a prova escrita, havia o testemunho de toda
aquela gente; apesar de todo cumprimento inicial, ninguém mais lhe dirigia
palavra alguma, tal atitude criava dúvidas sobre o merecimento de seus 47 anos.
Levantou-se sorrateiro,
não comeu ou bebeu, mas subiu as escadas em direção ao quarto. Nos últimos
degraus sentiu seus joelhos rangerem, e levemente aceitou a idade que se fazia,
todavia não se deixou emocionar pelas pessoas lá embaixo, aquela festa não
pertencia a ele, que naquele jogo era somente o pretexto. Com sua intimidade
conspurcada pelo riso e pela música vulgar que tocava, deixou-se despir
mecanicamente por suas mãos numa espécie de movimento parassimpático de seu
corpo. Foi ao chuveiro, entregou-se ao banho tentando recuperar seus planos
iniciais de autoconhecimento, que o levariam ao prazer de pensar em si sem
pressão pela culpa ou acusações interiores sobre narcisos.
Seus pensamentos não
conseguiam competir com o barulho, enxugou-se, e começou a contar como um
exercício contra a raiva e a frustração. Quatro, cinco, seis, sete. Concluiu que
quem inventou os aniversários surpresas deveria prestar contas ao tribunal, um
crápula desses devia saber as implicações a que submetia o aniversariante, é
impossível que ele não as tenha imaginado. Vinte e um, vinte e dois, vinte e
três. “Bosta de música”, só faltava começar lá embaixo um espetáculo burlesco
para todos cantarem como em um musical, dublando vozes alheias e fingindo
expressões faciais que não utilizamos na vida real. Quarenta e cinco, quarenta
e seis, quarenta e sete... Deitou-se nu na cama, passou a mão pelo seu vasto
ventre e iniciou uma busca pelas pistas deixadas pelo tempo. Sentia sua pele
ressecada e o latejar incômodo das articulações, mas não eram detalhes
desesperadores, afinal estar acima do peso, ter a pele dura ou sentir dor eram
aspectos que necessariamente não tinham idade para acontecer, qualquer pessoa
podia se afligir com isso. Passou a mão pela testa para enxugar um suor inexistente,
e sentiu seus dedos caminharem em direção ao que conscientemente evitava;
tentou impedir o movimento, mas suas mãos não o obedeciam, então as deslizou
sobre a cabeça numa tentativa vã de lhe afagar os cabelos. A cabeleira farta e
brilhante que lhe ofereceu o destaque na juventude não existia mais, a ausência
do símbolo de sua jovialidade e beleza o situou na linha do tempo do mundo,
fazendo-o soltar um suspiro revelado em um palavrão. Se via de forma ridícula,
que espécie de homem afinal se preocuparia com detalhes como cabelos? Sarcasticamente
pensou em se dar uma peruca de presente.
Lá embaixo os rumores
não cessavam, e se preocupou que houvesse tempo suficiente para que fosse
visitado por todos os seus fantasmas. Avaliou estrategicamente, e se vestiu.
Enfileirou seus dilemas, um a um, na beirada da cama: a calvície, o divórcio, o
trabalho, sua idade. Guardou em si cada uma de suas feições, matizes e
texturas; e despreparado para o enfrentamento balbuciou umas desculpas e
solicitou que voltassem dali a um ano. Sem oferecer mais nenhum olhar, fechou o
quarto e fingiu a arte de socializar.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Correspondência II
Amo tuas
palavras
Amo também
o teu silêncio
Um silêncio
que não afasta
Não assombra
É nossa
maneira tranquila de amar
Adoro
gritar teu nome na janela
E fazer
serenata para te ninar
Sei que não
importa em que língua eu te chame
Tu saberás
ler o meu olhar
E haverá sempre
uma pausa para um café e um chá.
terça-feira, 4 de março de 2014
Aprendizagens marítimas II
Ao aguardar o vento insuflar as minhas velas, apaixonei-me
pela imensidão de estrelas que pontuavam a noite, e ignorei o tubarão que
espreitava meu bote. Assim, engolfada pela mística do mar, tornei-me presa
fácil à hostilidade do ambiente: um derradeiro descuido.
Aprendizagens marítimas I
Amores
antigos são como arraias que se camuflam no fundo do oceano. Você acredita que
ele já se foi, que mais nada sobrou. Até que uma espécie de fome resgata o
peixe de seu esconderijo, e o faz emergir novo, como se o tempo nunca houvesse
passado; no entanto, jamais intacto...
segunda-feira, 3 de março de 2014
Correspondência I
Café da Beira do Mundo,
uma data vivida por nós,
Baby,
Não importa por quais
caminhos eu transite, sempre retorno ao Café da Beira do Mundo. Aqui encontro
meus amigos, filosofo com o garçom, flerto com a barista, e na varanda do
estabelecimento balanço meus pés sobre o universo infinito. Toda vez que venho,
peço um café diferente do cardápio: às vezes é um moka, em outras um
cappuccino, todavia, de fato, meu favorito sempre foi um café simples, coado,
preto e sem açúcar. Em alguns momentos, bebia-o quente como lava escorrendo na
garganta, pois meu corpo era pura adrenalina e alvoroço; em outros, apreciava-o
morno, e, consequentemente, a tranquilidade que emanava desse ato. Mas muitas
vezes, tomei-o frio, quase gelado, e aceitei que assim fosse, porque ali estava
o resultado da maturação de muitos pensamentos. A frieza do meu café me
revelava a intensidade com que me envolvia em alguns dilemas existenciais, que
ajudaram a formar quem sou.
Sabe, baby, você sempre
esteve aqui me ouvindo, bebendo seu chá, cada dia de um tipo, em xícaras
diferentes. Perguntava-me porque você jamais repetia as xícaras, e até hoje não
entendo porque nunca te fiz essa pergunta simples, acho que elaborar teorias
sobre era mais instigante, e assim o fiz. Creio que você todos os dias escolhia
uma diferente, porque seu sonho era beber em todas as xícaras do mundo, da
porcelana inglesa à japonesa, da caneca que te dei para sua viagem até a de
casal que compartilhará. Ao fazer isso, acredito que com o chá você conheceria
o mundo através de pequenos goles e cheiros aromáticos, e mesmo nunca estando
lá, você teria estado em todos aqueles lugares. E em alguns desses momentos eu
teria estado contigo.
Ultimamente tenho
remoído o amor mentalmente. Talvez seja equivocado, e de repente tenha me
tornado uma herege romântica, mas, e daí? Determinados crimes longe de fazer
mal, proporcionaram mudanças sociais extraordinárias, quem sabe esse não me torne
uma pessoa mais equilibrada, apesar de criminosa? Sempre acreditei no amor, penso
que somos pessoas melhores quando amamos, mas me dei conta que o amor não é
absoluto. Ele possui vários cheiros, tonalidades e toques diferentes; todavia,
o que mais me dói, é que exista, e as pessoas aceitem, esse tal de amor-sacrifício.
Baby, por que amar tem que significar sofrimento? Nunca entendi muito bem isso.
Você ali vivendo um relacionamento difícil e desgastado, mas acreditando
piamente que o amor tudo supera, salva, etc. O amor como se fosse uma entidade
pairando, um master of puppets nos
controlando. Quanta besteira... O amor somos nós: ou estamos dispostos, ou nada
feito. O problema é que às vezes não dá para vencermos a nós mesmos, nossas
manias, delírios e vontades; se não é possível ser diferente, por que não
deixar o outro ir e ser feliz nos braços de outrem? Somos tão egoístas ao ponto
de amargurar a felicidade do outro em nome do “amor”. Dizemos que amamos e
queremos que o sujeito do nosso sentimento seja feliz... Pausa. Cláusula de
exceção: somente enquanto ele estiver conosco. Uau, é muita pretensão achar que
somos a única coisa que pode fazê-lo feliz, no entanto, tem gente que insiste
nesse contrassenso. E você pensa que acaba aí? Não, isso é o início da
derrocada, isto é, um jogo de palavras mordazes, manipulação de sentimentos e
estratégias de produção de culpa.
Durante suas viagens,
encontrastes um amor desprendido, sem egoísmos e sentimentos de posse? Um amor
que se sente feliz em ver o outro bem? Eu acredito tanto nisso, o quê parece
incomodar extremamente terceiros, que tentam arrancar minhas verdades
interiores a todo custo. Sou pintada de insensível, fria, “a que nunca amou”, e
me entregam o papel da prostituta flagelada para encenar. Baby, cansei desse
teatro medíocre, mas, aqui neste Café que me lembra você, continuo torcendo por
todos os amores que nascem e crescem todos os dias, porque todos nós merecemos
amar e sermos amados, na medida do que precisamos e não na do que foi nos
ofertado.
Desejo que esse amor
que sente agora cresça cada vez mais, que seja imensamente amada, e ame de
volta na mesma dose. Perdoa-me os erros de caligrafia, a letra difícil de ser
lida e as coerências desajeitadas, mas os takes
não foram feitos para serem perfeitos, e quero que me leia sempre em primeira
mão.
Um abraço da irmã que
te ama, e aguarda o seu retorno para um café/chá,
C. L.
domingo, 19 de janeiro de 2014
From me to you
Words used
to fly around me
Dancing birds
taking me for a waltz
The poets
came and let them flee
Making it so
hard to put together a thought
I am
searching for the most beautiful words
My feelings
require living in language
There will be
no seconds or thirds
Words combining
in a passionate marriage
I found these
wrapping papers
I have been
saving for a year
Creases guided
to a concert saved by tapers
Birds started
singing I love you, my dear.
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