sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Peças coloridas


Estou vivendo aquele momento em que você pensa que conhece a si mesmo e volta ao ponto de partida. Deveria ter saído correndo, mas resolvi ficar para ver um pouco mais. Hoje me surpreendi fora de mim, ou na verdade dentro, tão profundamente como nos tempos de outrora. Hoje descobri que eu ainda estou aqui, com os mesmos medos e fantasias.
Suas mãos não são mais suficientes para me acalmar. Agora eu exijo mais. E novamente estou aqui sentada numa cama estranha, em um quarto perdido em qualquer lugar. Sinto em meu peito um infarto fracassado enquanto observo essa rosa vermelha. Espero tolamente o momento em que entrarás sorridente por esta porta e sentarás ao meu lado. Mas tudo o que vejo são peças velhas de um jogo de xadrez. Consigo sentir até o cheiro da solidão. Portas e janelas estão abertas e tudo em que consigo pensar é que não é seguro lá fora. A noite é bela baby, mas não podes sair e simplesmente caminhar.
Por que ainda me permito agir espontaneamente se meu objetivo é a sanidade? Será que meu desejo por ti é tão grande que sigo tua sombra até mesmo no vale da morte? Cansei de morrer, amanhã acordarei e confessarei que te perdi.

Acordei...

Olhando ao redor e vendo este quarto tão cheio de tua presença sinto-me descansada. Tua fuga me deu a oportunidade de me ver novamente de forma a perceber que eu realmente não sei tanto assim da vida nem de mim. No momento que me aproximei, quando pensei realmente que estava perto de chegar a mim, os seus olhos e mãos me dizem o quanto eu estava enganada. Minha estúpida mente nem sequer consegue colocar meus pensamentos em ordem.
O meu desequilíbrio transborda pelas minhas veias tornando a atmosfera repleta de um vapor sufocante. Esse maldito vapor que não me deixa enxergar! Procuro, então, lentamente, lembrar em que lugar da sala deixei minha sanidade. Tateio feito cego em busca da porta. De repente lembro-me que eu não preciso sair. Por precaução deixei pedaços de sanidade em todos os cômodos da casa. E então vejo a beleza de não saber e sinto-me entorpecida com o vapor que aos poucos se desfaz. Estou renovada para as surpresas de hoje.

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