sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


Deitada, ela vive sua madrugada insone. Não consegue se levantar e caminhar de um lado para o outro, e assim expressar algum tipo de revolta por mais uma noite sem sono. A verdade: não há sequer uma sombra de rebeldia em seu corpo,nem a vontade que impulsiona os sujeitos pela vida, há somente uma voz interior que diz "não saía da cama".
O relógio digital anuncia o passar das horas, e o tiro deflagrado na rua ressoa por todo apartamento harmonizado com um grito masculino. "Não saía da cama!" Obedecendo, ela se encolhe no seu pijama negro, e vive o luto de coisas que morreram dentro dela nessas últimas noites. Algos que não consegue identificar, mas que ela aceita perder, porque perante a morte somos todos pequenos.
Barulho de ambulância: esperança para quem agonizava na rua? Para ela somente sonhos de morte vividos de olhos abertos. Vigília em um sábado de aleluia, à espera das noites de renascimento, ansiando pela chegada da páscoa das vontades.
"Não saía da cama..."


Nenhum comentário:

Postar um comentário