quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Um poema para um amor

Densas nuvens negras escondem-te de mim
Mas como um mar impetuoso
Valente tu tornas a vir
Estou do alto admirado
Fascinado a te contemplar

Diana não me abandone
Só tua presença me faz repousar
O que me importa uma eternidade de sono
Se contigo posso sonhar?

Suplico humildemente ao Sol
Que não ilumine o meu dia
A noite escura me completa
É meu consolo nessa vida vazia.

Luana Reis.


“Ocorreu uma noite, enquanto Diana caçava no Monte Latmos, o jovem pastor Endimião estar adormecido ao lado do seu rebanho. Muitas vezes ele tinha visto a deusa de longe, um tanto assombrado de uma criatura tão bela e, ao mesmo tempo, tão implacável. Diana nunca tinha notado a beleza encantadora do jovem. Ela considerou-o tão perfeito quanto o seu irmão Apolo, talvez mais perfeito ainda, pois seu rosto adormecido voltado para cima tinha o encanto prateado da sua amada lua. Uma paixão ardente e abrasadora teria nascido aos raios ardentes do sol, mas o amor que então nasceu sob a luz pálida da lua era uma paixão mágica.

Quando Endimião sorriu no seu sono, ela ajoelhou, e, curvando-se, beijou os seus lábios com delicadeza. O toque da luz do luar não era mais delicado que o toque de Diana. Não obstante, foi suficiente para acordá-lo. Porém, demorou-se no sono querendo prolongar aquele êxtase de felicidade tão perfeita que experimentara. E antes que os seus olhos adormecidos pudessem ser a testemunha dos seus sentidos, Diana apressou-se em fugir dali. Endimião levantou-se num salto, mas viu apenas o rebanho adormecido, e ouviu o que lhe pareceu ser o ladrar de cães em plena caça na floresta ao longe no topo da montanha. Voltou a deitar-se esperando que mais uma vez esse milagre lhe fosse concedido. Nenhum milagre mais lhe sobreveio; sequer pôde voltar a dormir, tão intensa era a sua emoção.

No dia seguinte, nas horas abafadas em que Apolo conduz a sua carruagem reluzente ao longo do céu, Endimião, enquanto pastoreava o seu rebanho, tentou pelo sono reviver aquele encantamento uma vez mais, e desejou que o dia logo findasse e o frescor da noite escura voltasse. Quando anoiteceu, tentou permanecer acordado e ver o que poderia acontecer, mas logo o bondoso sono fechou os seus olhos cansados, e

Veio-lhe a encantadora visão de uma virgem,
Ela vinha num carro dourado
Que descia da lua suspensa no céu.
Lewis Morris

Chegou então a noite em que os sonhos de Endimião não mais tiveram fim. Foi uma noite em que a lua fez para si mesma um longo caminho de prata pelo mar, desde o distante horizonte até à praia onde as ondas encrespadas batem numa luminosa e sempre ondulante orla prateada. Prateadas eram também as folhas das árvores do bosque, de onde entre os galhos dos ciprestes sagrados e os imponentes pinheiros Diana lançava suas flechas de prata. O ladrar dos cães não veio inquietar o sono das ovelhas de Endimião, eram as estrelas luzentes que pareciam cantar no alto céu. Enquanto ainda aqueles lábios delicados o tocavam, as mãos ergueram delicadamente Endimião adormecido e levaram-no para uma caverna secreta no Monte Latmos. Ali, para sempre, ela vinha beijar os lábios do seu amado adormecido. Ali, para sempre, dormiu Endimião, feliz envolvido no êxtase perfeito dos sonhos que jamais terminam. ”

Adaptado de Jean Lang - Mitos Universais

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