Cumulosnybums by Deviantart |
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
A ti...
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Falta de educação é prender o que se tem na alma
Não queria mergulhar tão fundo
Queria ficar apenas na superfície
Molhar meus pé s e ficar à beira da praia
Observando o navio passar
O oxigênio me falta
Afinal, como consegui chegar até aqui
Se eu nem ao menos sei nadar?
Escrevo porque escrever salva...
Essas palavras me sufocam
Estou ficando sem ar
O vazio imenso dessa escuridão insuportavelmente pesam em meus ombros
Vem melodiosa sinfonia, me leve e não me deixes voltar...
sábado, 18 de dezembro de 2010
Quando a Liberdade chegar
Vivemos em grandes prisões: uma sentença óbvia. Escola, família, o amigo sentado ao lado, o amante pretensamente despreocupado; tudo nos aprisiona de alguma forma. No fundo, todos nós sabemos que somos talentosos fingidores de liberdade, é quase uma condição existencial humana, está imbricado em nossa natureza social.
Hoje me perguntei o que aconteceria se a Liberdade retornasse a nós. Mendiga, descabelada, suja com olhos atormentados, menina desprotegida que nunca teve pais ou irmãos. Será que ela se agarraria a mim e me suplicaria cuidados? Ou jogaria em minha cara o seu abandono? Ou seria eu a vítima a lhe acusar solidão e querer lhe atribuir um castigo?
Punição, sou deus a atormentar a pequena Liberdade pelo seu atraso. Anos de luta, uma vida dedicada a ela sem receios, somente ansiando o primeiro encontro. No fim, no meu ponto final experimentado e realizado, quando nos encontrarmos, serei um ser frustrado a lhe dedicar xingamentos e ofensas? Ou estenderei meus braços e a envolverei no mais terno abraço?
domingo, 12 de dezembro de 2010
A palavra vermelha
A meus amigos do CLE
Finalmente o sábado havia chegado, podia respirar mais calmamente e me alegrar com a possibilidade de rever meus amigos. Tínhamos o costume de sempre nos encontrar no primeiro sábado de cada mês para beber e conversar sobre diversos assuntos. Bebendo e ouvindo-os eu me sentia o mais conectado possível a este mundo, nossos encontros tinham um peso de uma lei, que nunca seria capaz de subverter ou descumprir, era uma questão de honra pessoal.
Todas as nossas reuniões eram diferentes, conseguíamos ir de um quadro de Picasso a um livro de Virginia Woolf, para um passo depois chegar ao assassinato de uma família inteira, página principal do jornal diário, tudo isso com uma grande facilidade, as conversas simplesmente fluíam. Meus amigos representavam minha válvula de escape, deles eu nada escondia: nem meus argumentos fracos, meus defeitos mais vis, meu coração quando despedaçado, ou meu riso preenchido de felicidade.
Neste sábado, havia algo que não pude escamotear. Era o tormento de meus sonhos recentes, que arruinavam meus nervos e fragmentava minha mente. Cansado das noites insones, encaminhei-me ao bar que simbolizava nossa ágora, alguns haviam chegado, éramos um grupo um tanto grande, às vezes alvoroçado, em outras, sóbrio. Iniciei meus cumprimentos repletos de abraços, beijos e leves batidas nas costas, e imediatamente pedi um whisky. Enquanto os outros chegavam, distribui sorrisos e me acerquei das últimas novidades sobre trabalho e família dos meus companheiros, no entanto, fui inapto na tentativa de acobertar as olheiras, os ombros caídos, a voz rouca e o leve tremor nas mãos.
Augusto, o mais perceptivo de todos, mas também o de maior curiosidade, logo me interrogou sobre meu estado, que fugia enormemente da minha resposta seca de “bem”. Respondi que era somente o resultado de algumas noites sem conseguir dormir direito, assolado por um mesmo pesadelo infindável. Todos os olhos da mesa se pousaram em mim e indicavam que uma pergunta muda no ar pairava, então, como resposta, prossegui contando-lhes o sonho.
“Não entendo, porque ando sonhando com isso. É uma história boba, que meu avô me contou anos atrás; e se olharmos por certo ângulo não há nada de assustador nela, todavia, após sonhá-la, acordo banhado em suor e meus olhos custam a se fechar novamente. Quando fiz quinze anos, meu avô me chamou em seu quarto, e disse ter um presente especial para mim. Empolgado, tentei adivinhar que presente seria esse: uma viagem? Um relógio de ouro? Um livro raro? Ele simplesmente balançava a cabeça em negativa e sorria. Enfadado com meus chutes e comovido com minha frustração em não conseguir desvendar o presente, ele se levantou e pegou uma caixa de madeira negra entalhada com o brasão de nossa família em tempos antigos. Sentou-se a minha frente e colocou a caixa entre nós dizendo que eu só poderia recebê-lo depois de ouvir sua história. Óbvio que concordei, estava curioso não somente em relação ao objeto que a caixa guardava, mas também porque aquele momento parecia solene e preenchido de mistério.
Sua voz antiga iniciou a história nascida num tempo distante, cerca de dois séculos atrás, era sobre um cavalheiro chamado Édmond Couvier, antepassado de nossa família. Couvier era um rapaz dado aos estudos e às farras, sua família tinha um título nobre, e não possuía pudor em manter suas posses da forma que fosse, seja por arrendamento de terras ou pelo comércio marítimo, algo que a diferenciava das outras famílias da Corte. Lembrem-se dos livros da Jane Austen, e insiram um personagem nobre, liberal e sem pudores: eis a imagem do meu parente longínquo. Em uma de suas noites de beberagem nas ruas sujas de Paris, Edmond conheceu um jovem bonito de feições audaciosas chamado Bartolomeu. A sintonia entre ambos foi imediata, Bartolomeu demonstrou ser bastante inteligente e perspicaz ganhando rapidamente a admiração e confiança de Édmond.
Os dois iniciaram uma amizade intensa, viam-se sempre, a única sombra que pairava entre eles era um segredo mantido por Bartolomeu. Esse sempre viajava por quatro dias para um lugar desconhecido, uma vez a cada mês, sem nunca dizer a Couvier, onde esteve, o que fazia ou com quem estava. O amigo sempre respeitou seu segredo, mas não conseguia impedir de se sentir intrigado. Até que decorrido três anos desde a primeira vez que se encontraram, Bartolomeu propôs a Édmond que o acompanhasse na próxima viagem. Nesse momento da história, meu avô suspirou, e bebeu um pouco de água.”
_ Assim como você bebe seu Whisky agora_ , disse Ariadne, sorrindo para mim. Todos meus amigos prestavam atenção a minha história, e isso me fez relaxar um pouco.
“Enfim, segundo meu avô, eles viajaram durante dois dias, até chegarem às terras extensas de um barão, cujo nome se perdeu da memória de minha família, que os recebeu com grande amabilidade. Couvier foi levado a um quarto e informado de que logo a noite haveria um jantar. Meu parente notou que na cama de seu aposento havia vestes elegantes e uma máscara preta simples que cobria a região dos olhos e nariz, deixando visível somente os lábios. Apesar de surpreso por Bartolomeu não informá-lo sobre o caráter da reunião, Couvier entendeu aquilo como bizarrices de um nobre entediado, e resolveu experimentar a brincadeira.
Chegado o momento do jantar, Édmond encontrou Bartolomeu vestido da mesma forma que si, também portando uma máscara. Caminharam até uma saleta de tamanho considerável, onde se depararam com um número de pessoas próximo ao nosso grupo. Homens e mulheres que conversavam de forma animada, riam e discutiam em baixo e alto tom; todos bebiam vinho e recepcionaram bem meu “tio” distante. Até aqui, não tinha visto nada demais na história do meu avô, e já estava me cansando de tanta ladainha, quando ele disse que tudo parecia comum e real, até a chegada do jantar.
Sentado a mesa do barão, sentindo tanta fome, Couvier salivava a espera da comida que se antecipava através do cheiro, uma série de criados entrou na sala de jantar e depositou as bandejas fechadas diante dos convidados. Quando a tampa foi retirada, Édmond se sentiu um homem frustrado e irritado, porque o que havia dentro dos pratos era nada mais nada menos que diversas páginas de livros antigos manuscritos. Olhou de Bartolomeu até o anfitrião pedindo que a comida de fato fosse trazida, até perceber, para sua surpresa, que todos na mesa comiam despreocupadamente aquelas folhas, sem se importarem com sua fisionomia e irritação. Pareciam irracionais que se deleitavam com talheres cada palavra mordida, frase mastigada, cada pensamento engolido. Eles não viam mais ninguém, soltavam gemidos de prazer e comiam, comiam sem parar. Mais páginas eram trazidas, e Édmond se levantou com horror diante daquele espetáculo, se aproximou de Bartolomeu dizendo que iria se retirar, quando notou um fio escarlate que subia pelo pescoço do amigo, percorrendo lentamente a trajetória da jugular até alcançar suas faces. Assustado, olhou mais de perto, e percebeu que aquele vermelho que brilhava e tomava conta do rosto, mãos, corpo, era na verdade um fio de palavras escritas em uma letra floreada, a letra de seu próprio amigo, que dizia:
“Quando conquistou tudo o que todos querem cortejar, a pobre recompensa não valeu os custos: juventude desperdiçada, alma aviltada, honra perdida, são os teus frutos, ó paixão triunfante!”
Olhou ao redor, viu o mesmo efeito no rosto das mulheres e homens presentes, as letras se diferenciavam, e também as cores, umas negras, azuis; outras, douradas, verdes. E, quando nada podia parecer piorar, as palavras encontraram o caminho dos lábios, e todos pararam de comer para poderem escoar as palavras de seus corpos. Uns gritavam, cantavam, outros vomitavam, as moças mais recatadas sussurravam, os que escreviam poesia declamavam. Os criados nada faziam, e Édmond assistiu tudo extático. Nunca se soube quanto tempo durou o “recital”, mas o que meu avô disse sobre quando o silêncio foi instaurado, é que Couvier correu com toda energia de seu corpo, subiu em uma das carruagens e voltou para casa de sua família, sem nunca mais procurar Bartolomeu, que, no entanto, encontrou uma única vez depois do episódio, quando foi comprar um mimo para sua recém-esposa e foi observado pelo mesmo da janela do estabelecimento. Bartolomeu somente sorriu para depois se perder na multidão das ruas.”
_ Mas, enfim, o que havia dentro da caixa?_, Eleonora me perguntou ansiosa.
_ Um garfo...
Meus amigos riram divertidos, sem me levarem a sério.
_ É a mais pura verdade, meu avô disse que Édmond o segurou durante todo o jantar, e fugiu com ele, sem se dar conta que o carregava. E desde então é passado como o maior tesouro de nossa família
Também ri diante da situação, minha história e meu pesadelo ganharam ares cômicos por causa de um garfo. Na mesa, somente Ariadne sorria me sondando com o olhar, apoiando seu queixo em suas mãos, foi quando imaginei ter visto em seus dedos entrelaçados um laço escarlate que parecia se movimentar...
_ Ô, garçonete, traz um garfo aqui para nosso amigo_, gritou Augusto.
Todos riram, menos eu, pois a palavra vermelha havia se perdido dos meu olhos...
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Ocorre um anúncio: o aviso da Natureza. É preciso prestar atenção aos sinais ao redor. O mundo transforma-se, o vento sopra diferente, preparando-te para esse encontro casual na virada do quarteirão. Mas calma, nada de superstições, é só a Natureza falando baixinho ao teu ouvido. Livra-te de tantos barulhos, tapa os teus ouvidos e assim a podereis escutar.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Pandora
domingo, 21 de novembro de 2010
Um mosaico para nós
Como consertar algo que se quebrou? Uma concha que se fragmentou poderia ecoar as palavras do mar? Um copo de fragmentos colados poderia dar alguém algo de beber? Uma alma quebrada consegue ter identidade? E um coração partido, dividido continua a bater? Sabe, filha, nem sempre temos dimensão da profundidade do nosso erro no outro; no entanto, isso não nos impede de tomar suas mãos nas nossas e dos pedaços que nos sobraram construir um belo mosaico...
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Ela levanta-se, tenta ir embora, despede-se, cumpre as formalidades de pessoas educadas e a civilidade a obriga a ficar. Sentindo que seu coração não cabe mais em um corpo só, quer correr livremente pelas ruas da cidade gritando, procurando por alguém que aceite o convite “Deixe-me dividir com você o meu coração”. Mas, ela senta, espera e sofre, ou seja, vive. Só aos loucos é permitido agir espontaneamente. Enfim, ela se vai sozinha e ele fica. Acompanhado e feliz.
No dia seguinte ele lhe sorri e ela sorri de volta, um sorriso de complacência, de aceitação. Dessa vez, ele se vai, mais feliz do que nunca esteve em sua vida. Essa felicidade lança-se contra o peito dela como uma faca de serra desgastada pelo uso, fazendo suas forças se extinguirem como o gelo que aos poucos desaparece no seu copo de whisky, e o whisky também desaparece. E ela fica. A Lua indiscreta revela o seu segredo. Exibe cruelmente as suas lágrimas, fazendo-a admitir a sua humanidade.
E ela descobre essa noite que não é um anjo, ela não sabe mais voar.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Atrasos e reflexões
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Sobre degustações...
Entregue-se...
Um poema para um amor
Densas nuvens negras escondem-te de mim
Mas como um mar impetuoso
Valente tu tornas a vir
Estou do alto admirado
Fascinado a te contemplar
Diana não me abandone
Só tua presença me faz repousar
O que me importa uma eternidade de sono
Se contigo posso sonhar?
Suplico humildemente ao Sol
Que não ilumine o meu dia
A noite escura me completa
É meu consolo nessa vida vazia.
Luana Reis.
“Ocorreu uma noite, enquanto Diana caçava no Monte Latmos, o jovem pastor Endimião estar adormecido ao lado do seu rebanho. Muitas vezes ele tinha visto a deusa de longe, um tanto assombrado de uma criatura tão bela e, ao mesmo tempo, tão implacável. Diana nunca tinha notado a beleza encantadora do jovem. Ela considerou-o tão perfeito quanto o seu irmão Apolo, talvez mais perfeito ainda, pois seu rosto adormecido voltado para cima tinha o encanto prateado da sua amada lua. Uma paixão ardente e abrasadora teria nascido aos raios ardentes do sol, mas o amor que então nasceu sob a luz pálida da lua era uma paixão mágica.
Quando Endimião sorriu no seu sono, ela ajoelhou, e, curvando-se, beijou os seus lábios com delicadeza. O toque da luz do luar não era mais delicado que o toque de Diana. Não obstante, foi suficiente para acordá-lo. Porém, demorou-se no sono querendo prolongar aquele êxtase de felicidade tão perfeita que experimentara. E antes que os seus olhos adormecidos pudessem ser a testemunha dos seus sentidos, Diana apressou-se em fugir dali. Endimião levantou-se num salto, mas viu apenas o rebanho adormecido, e ouviu o que lhe pareceu ser o ladrar de cães em plena caça na floresta ao longe no topo da montanha. Voltou a deitar-se esperando que mais uma vez esse milagre lhe fosse concedido. Nenhum milagre mais lhe sobreveio; sequer pôde voltar a dormir, tão intensa era a sua emoção.
No dia seguinte, nas horas abafadas em que Apolo conduz a sua carruagem reluzente ao longo do céu, Endimião, enquanto pastoreava o seu rebanho, tentou pelo sono reviver aquele encantamento uma vez mais, e desejou que o dia logo findasse e o frescor da noite escura voltasse. Quando anoiteceu, tentou permanecer acordado e ver o que poderia acontecer, mas logo o bondoso sono fechou os seus olhos cansados, e
Veio-lhe a encantadora visão de uma virgem,
Ela vinha num carro dourado
Que descia da lua suspensa no céu.
Lewis Morris
Chegou então a noite em que os sonhos de Endimião não mais tiveram fim. Foi uma noite em que a lua fez para si mesma um longo caminho de prata pelo mar, desde o distante horizonte até à praia onde as ondas encrespadas batem numa luminosa e sempre ondulante orla prateada. Prateadas eram também as folhas das árvores do bosque, de onde entre os galhos dos ciprestes sagrados e os imponentes pinheiros Diana lançava suas flechas de prata. O ladrar dos cães não veio inquietar o sono das ovelhas de Endimião, eram as estrelas luzentes que pareciam cantar no alto céu. Enquanto ainda aqueles lábios delicados o tocavam, as mãos ergueram delicadamente Endimião adormecido e levaram-no para uma caverna secreta no Monte Latmos. Ali, para sempre, ela vinha beijar os lábios do seu amado adormecido. Ali, para sempre, dormiu Endimião, feliz envolvido no êxtase perfeito dos sonhos que jamais terminam. ”
Adaptado de Jean Lang - Mitos Universais
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Você toma café e eu tomo chá!!
Não me venha com seus teoremas científicos enquanto falo de sentimentos. Meus motivos para não tomar café são bem simples: não gosto do aroma que tanto te fascina, não gosto do sabor forte que te inspira um cigarro e por fim, não gosto da dor de cabeça que causa a sua ausência. Sim, gosto de chá...
E, por favor, poupe-me de tuas tentativas de me definir, de descrever minha personalidade. Não gosto de chá porque sou calma. Se me olhasses de perto verias que sou desequilibrada, e por que não dizer histérica, nervosa e impaciente? Será isto resultado da cafeína?...Não, não quero falar sobre isso.
Permita-me o simples direito de tomar uma boa xícara de chá sem pensar em quem eu sou ou deixo de ser. Permita-me este momento de prazer cotidiano sem a tua metafísica. Belamente já disse Pessoa “Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.”